Crítica | It – A Coisa


A mais nova adaptação do romance aclamado de Stephen King nos transporta para a pequena cidade de Derry, onde Bill, Eddie, Richie, Stanley, Ben, Beverly e Mike vivem suas aventuras e desventuras da infância, enfrentando problemas como bullying, diferenças familiares, perdas, etc.

Ao ler essa premissa dificilmente se espera o filme de terror vendido pelo marketing feito pelo estúdio, infelizmente, isso levou vários desavisados ao cinema que buscavam assistir apenas mais um Annabelle e, em vez disso, encontraram um filme bem mais profundo, complexo e emocional do que uma leva de jumpscares e enredos óbvios pelo qual estavam sedentos. Resultado: diversos saíram do cinema propagando aos quatro ventos que não sentiram medo.

A questão máxima é que o filme realmente foi vendido como um terror, mas quem leu o livro e conhece a história, ou pelo menos conhece o trabalho do Stephen King, sabe que ele não faz o medo pelo medo, é muito mais sobre a natureza humana reagindo a situações de horror do que o horror em si. E isso é muito mais inteligente e bem construído do que um demônio jogado na tua cara.

Obviamente, também não é necessário ter um prévio conhecimento da história para saber apreciar o filme como ele é, a qualidade não se embasa no gênero: ação, aventura, terror, comédia, não importa, um filme bom é um filme bom, e It é exatamente isso, na verdade, é mais que isso, é um filme excelente, um dos melhores filmes desse ano – a direção é extremamente competente, o enredo é bem fechado, os personagens são perfeitamente construídos, simplesmente não existe nenhum ponto negativo no longa, exceto o marketing que atraiu o público errado.

O elenco escolhido é um elemento a parte, o diretor Andy Muschietti (Mama) conseguiu trazer em cada uma daquelas crianças uma excelência de atuação que nem nos maiores sonhos dos fãs da obra original poderia ser alcançada, cada um daqueles atores mirins mergulhou em seu personagem com maestria, com destaque a Finn Wolfhard e Jack Grazer (Richie e Eddie, respectivamente), que simplesmente colocaram o filme no bolso e levaram para casa. Maravilhosos.

O palhaço Pennywise também foi muito bem representado por Bill Skarsgård, que conseguiu dar sua própria faceta ao personagem, alcançando um nível tão bom quanto (ou até melhor) que a versão de Tim Curry, cada um com uma proposta de atuação diferente, ambas competentes à sua maneira.

É válido ressaltar que embora a figura do Pennywise seja o que vende a história, definitivamente ela não é sobre ele, pode parecer clichê e contraditório com a ideia que o público fez em face da divulgação, mas It é sobre as crianças, sobre o laço que as uniu em momentos muito difíceis da vida de cada uma, como, independente da sua vulnerabilidade, o que importa na vida é quem está ao seu lado e, principalmente, como existem pessoas que quando estão conosco parece que somos capazes de passar por cima de tudo e enfrentar Deus e o mundo, não importando todas as chances contra nós, aquele alguém nos torna forte.

Como foi dito, o filme chamou um grande público que vai assistir a isso e não vai se sentir comovido, não vai se apegar as crianças, porque está acostumado com um Freddy vs. Jason da vida, em que você não sente absolutamente nada pelos personagens e está meramente interessado em ver sangue e morte. Mas, felizmente, muitas pessoas tiveram a sensibilidade de capturar a essência do filme, ainda que não tenha sido exatamente o que elas esperavam, mas reconheceram a qualidade do que lhe foi apresentado e entenderam que um filme pode sim ser terror, aventura, comédia e drama, um não impede nem diminui o outro, se for bem feito.

Tecnicamente falando, a retratação dos anos 80 foi sensacional, a fotografia é lindíssima, o cenário, os diálogos, o filme te leva das risadas às lágrimas e à aflição, é simplesmente uma obra completa. Esta versão sim, pode tranquilamente se auto intitular de obra prima, estou satisfeita como fã do Stephen King, como leitora do livro que deu origem ao filme e, em especial, como uma amante do cinema, o longa se sustenta nos três critérios, com êxito.


O capítulo 2 já ganhou data de estreia e será em 6 de Setembro de 2019. Mal posso esperar.

     

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