Um boeing levando 210 passageiros aterrissa num aeroporto em Nova York e todos - exceto 4 - morrem, sendo a causa misteriosa. Dr. Ephraim Goodweather, do Centro de Controle de Doenças, é enviado para investigar a possível causa.
Depois de muita espera (para mim), finalmente foi feita uma adaptação da trilogia da noite escrita por Guillermo Del Toro e Chuck Hogan, que nos apresenta vampiros lutando pelo controle da América, ou mais ou menos isso. Foi um piloto ok, considerando que os livros não são lá os mais bem escritos do mundo, mas que tem muito potencial para uma adaptação.
Logo de início a série já mostrou bastante de como vai ser, seu estilo meio terror meio fantasia não é nada inovador, porém não ficou repetitivo. Abordar o tema vampiros não é mais tão fácil hoje em dia com a banalização do assunto, todo ano temos pelo menos uma série nova sobre vampiros, e o que torna The Strain interessante é exatamente a maneiro com que o vampirismo é tratado. Lá é como um vírus, mas especificamente um vermezinho que usa o corpo humano como hospedeiro.
A cena inicial da série é muito boa, dá uma boa introdução e faz quem leu o livro (praticamente ninguém) ficar muito feliz. Conhecemos os passageiros do avião com destino a Manhattan, e então algo faz com que o avião e todos dentro dele “desligassem” assim que pousam. Essa é uma ótima premissa para a série. O que ficou bem legal foi a aparição, mesmo que tenha sido pouca coisa, do “vampirão” que causa tudo no avião, isso já não deixa dúvidas de que o que quer que tenha acontecido ao avião, foi obra de algum ser sobrenatural.
E então conhecemos o Dr. Ephraim Goodweather, e sua falta de tato com a família, interpretado por Corey Stoll que até esse momento só o reconhecia de alguns episódios de House of Cards, que tem a infelicidade de ter pego o personagem mais sem carisma de toda a história. Zach e Kelly não são tão relevantes a primeiro momento, e nada contribuem para tornar a cena da terapia conjugal menos ruim. Mas enfim ele recebe uma chamada urgente o chamando e vai investigar o que aconteceu com o avião “morto”, tudo indica que algum tipo de arma química foi liberada dentro do avião.
Para deixar mais claro ainda que ele é alguém importante dentro da CDC, temos toda a cena dele falando sobre doenças e tocar o rosto demais, um blablabla só para deixar claro que ele entende muito de vírus. E ainda mais, Eph toma leite, como se fosse algo foda.. o que diminui ainda mais a vontade de torcer por ele.
Em seguida conhecemos Abraham Setrakian, um velho surtado dono de uma loja de penhores no Harlem, bairro barra pesada de NY. A cena introdutória dele quer mostrar, talvez com exagero demais, que ele é um homem experiente que já lutou em seu passado, quando subimos com ele para seu apartamento sem cima da loja o vemos alimentando um coração com seu sangue. Essa é, talvez, muita informação para o primeiro episódio da série, talvez teria sido mais inteligente apresentar a história de Setrakian com mais cuidado, já que ela é muito interessante. Mas veremos o que faram com ele, não dá para negar que foi bem legal de ver o coração se alimentando, acho que o maior erro quanto a esse personagem é mesmo o casting, eu imaginaria um ator com uma cara mais gentil que a do David Bradley, ele é mal encarado demais para ser o Setrakian dos livros.
A cena em que Eph e Nora examinam o avião ficou ótima, a luz negra mostrando a amônia pelo avião e os passageiros sobreviventes acordando deu um tom de suspense bem legal a série. Uma pena que antes disso tivemos que ver Eph e Nora conversar sobre os problemas pessoais deles, mais na frente descobrimos que os dois tem um caso e que eles já estavam envolvidos antes dele se separar da esposa. O que, sinceramente, nos faz gostar mesmo ainda do personagem, os dois não tem química alguma. Talvez a intensão seja mostrar as falhas do personagem central da série, porém só diminui ainda mais seu carisma.
Dando continuidade ao problema do avião, os 5 sobreviventes são postos em quarentena enquanto os mortos são levados ao necrotério para serem dissecados. E seguimos um pouco do procedimento de Eph e Nora para descobrir o que aconteceu com o avião e porque eles são os únicos sobreviventes. Entre os sobreviventes, vamos destacar Gabriel Bolivar, um rockstar que ainda vai ser bem importante na série. Após analisar os sobreviventes, seguem para o objeto mais estranho achado no porão do avião: uma caixa enorme de madeira cheio de terra com aspecto bem antigo, que muito sagazmente comparam com um caixão. Claro que logo que eles terminam de olhar, a caixa é levada pelo provável dono, mais uma vez vemos um pouco da criatura, essa cena também mostra que a série pretende seguir uma linha mais bizarra quando se trata dos vampiros.
Outro personagem interessante é Eldritch Palmer, apresentado como um milionário doente que tem contato direto vampiros, ao que tudo indica ele teve ligação com o que aconteceu no avião. O que fica bem obvio quando Thomas Eichorst, contrata Gus para ir resgatar a grande caixa do aeroporto, nessa cena ainda percebemos que Jim, parceiro de Eph, também está trabalhando para Palmer. Esse núcleo latino da série também deve ser bem explorado, principalmente Gus e sua família.
Enquanto isso, os familiares das pessoas que estavam no avião (e muitos fãs de Bolivar) estão pressionando a CDC para ter notícias sobre o avião. Eph faz seu discurso sobre o que ele pode dizer sobre o que aconteceu que é basicamente nada, e então o pai da garotinha francesa vai lá e dá um tapa na cara de Eph, um tapa ridículo, acabou coma graça toda da cena. E eis que surge Setrakian para contar aos responsáveis pela investigação tudo que abe sobre a criatura que saiu do avião, e ao mesmo tempo vemos o legista trabalhando na dissecação dos corpos tirados do avião, e então vamos descobrindo que todos os corpos tem as mesma perfurações no pescoço, de onde foi sugado o sangue, e no lugar do sangue há uma gosma branca nos corpos.
Setrakian faz um escandalozinho quando não dão muita conversa para ele e ele fala mais alguns detalhes que seria impossível alguém que não teve contato com a investigação saber, é uma cena que vai ruim a podre muito rápido. Em contraste com esse lixo de cena, temos o legista dissecando os corpos, quando ele é atacado pelos vermes que saem do coração, enquanto os corpos ao redor dele começam a despertar, algum com o cérebro a mostra ou o tórax aberto. É uma cena bizarra, até meio trash, mas que com ajuda da trilha sonora ficou bem legal.
Para finalizar o episódio, já bem longo, temos Palmer tomando conhecimento de que Setrakian planeja impedir o seu plano, o que nos leva a crer que os dois já devem se conhecer de alguma forma, e que Setrakian corre perigo. Vemos a caixa sendo levada para fora da ilha, escapando da quarentena, e ainda o retorno de Emma para seu pai um tanto quanto mudada.
Mesmo com todos os defeitos gritantes que esse piloto apresentou, ainda me arrisco a dizer que a série pode ser bem melhor, a história tem muito potencial para ser explorado na temporada. É uma pena que o elenco da série seja pobre, e nem o fato da direção desse episódio ter sido do próprio del Toro não ter sido boa o suficiente. Posso dizer que no que depender da história dos livros ainda tem muita coisa a ser contada, e melhora bastante.
Nota do episódio: 3,5/5
Promo do próximo episódio e um preview da temporada: